A grande batalha está sendo realizada em silêncio, na jornada de cada dia desta quarentena que nos coloca mais e mais para dentro de nós mesmos. Esta batalha é chamada ” A jornada de volta para casa” uma busca pelo essencial da vida.
Muito tem se falado sobre as razões deste nosso isolamento social causado pelo COVID 19, mas pouco tem se dado atenção aos efeitos que este isolamento provoca em nosso estado de consciência. E sabemos que as condições de restrições do isolamento, podem acelerar ou retardar estas alterações mas elas ocorrerão. Trata-se de perceber que sempre que o ser humano é colocado diante do limite da vida, como em cativeiro, dispara um processo de avaliação daquilo que de fato é essencial na vida. Este processo está sendo vivenciado pelos pacientes de UTI’s que ao se recuperam relatam. Mas não só com eles, mas também fora dos hospitais, em nosso novo cativeiro. Este processo tem em sua natureza a descrição de uma jornada em etapas, que é denominado ” A Jornada de volta para casa” , a volta ao essencial da vida!
Num exemplo extremo tivemos no relato da filha do Vieira Montero, presidente do Santander em Portugal lamentando a morte de seu pai declarou: “Somos uma família milionária, mas meu pai morreu sozinho, precisando de algo que temos de graça O… AR.
Se pudermos entender o que ocorre neste processo, podemos nos preparar muito melhor e sairemos transformados de fato. Mas como isto ocorre? E quais são os sinais de que estou neste processo ? E em que etapa, oque tenho pela frente?
Se olharmos para tudo que aconteceu conosco no início das primeiras semanas desta batalha, havia ainda uma certa revolta, como acontece com a juventude que tenta se rebelar contra as restrições desnaturais que tentam restringir sua liberdade. Outra reação foi tentar alimentar a esperança de que mais dias ou menos dias, voltaríamos ao mesmo lugar de antes. Enquanto isto, tentava-se driblar os dias. Mas, tendo passado mais de 4 semanas desde que tudo começou para nós, podemos ver surgir outros e novos os efeitos destas restrições. É que começamos a nos deparar que se trata de uma longa jornada.
Se no início a busca era formar uma opinião, o que aumentou exponencialmente as postagens nos grupos, agora parece que a busca mudou o tom, ou a direção? Passamos a ter que lidar com as perdas, não apenas de espaços e isolamentos, mas perdas de pessoas próximas e perdas internas.
Se as primeiras batalhas apontavam para a superação do conflito entre o amplo e o restrito e tudo que esta polaridade traz consigo, entre a liberdade e a restrição; agora o conflito se dá pela necessidade de lidarmos com a dualidade entre o interno e o externo. Pelo fato de não estarmos conseguindo encontrar um espaço para nossa oficina pessoal, ou mesmo na batalha de termos que aprender a lidar com os home-offices, sem ritmo criando um caos em nossas vidas com a família. Uma vez que nada sabemos ainda em como transforá-los em Smart-offices.
Mas, afinal o que esta jornada nos aponta do que temos pela frente nesta batalha que mal começou?
É que esta é na verdade a batalha para nós conseguirmos superar a unilateralidade do ponto de vista individual que colocamos as nossas vidas! Precisamos aprender rapidamente a superar polaridades entre a unilateralidade que tenta nos impor o sistema econômico, ou o da saúde e sem falar da educação. E isto deve ocorrer tanto no macro social como no micro individual.
E para isto uma nova ciência vem ao nosso auxilio para ajudar a distinguir a aparência da essência. As ciência sistêmica que reconhece como os princípios de ordem integram os sistemas econômicos, de saúde e educação, mas também como os princípios de pertencimento nos une como pessoas indistintamente.
Para a nova etapa da jornada, devemos estar entrando na grande batalha que se inicia no pessoal para chegar no social! E para este processo temos nas palavras do filósofo Rudolf Steiner em seu pronunciamento sobre as bases de uma economia social os dizeres:
“Se tu queres conhecer o mundo, então olha para dentro do teu coração, Mas se tu queres conhecer a ti mesmo, então olha onde está o teu irmão.”
Afinal como diz o mestre Tarthang Tulku “É preferível se ter guerreiros em nossos jardins que jardineiros em campos de batalhas”